sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Yes! We are 80's!!!

You Know You Grew Up In The 80's If...

1. You've ever ended a sentence with the word "PSYCHE".
2. You watched the Pound Puppies.
3. You can sing the rap to the "Fresh Prince of Belair " ...and can do the "Carlton".
4. Girls wore biker shorts under their skirts and felt stylishly sexy.
5. You yearned to be a member of the Baby-sitters club and tried to start a club of your own.
6. You owned those lil' Strawberry Shortcake pals scented dolls.
7. You know that "WOAH " comes from Joey on Blossom.
8. Two words: Hammer Pants.
9. If you ever watched "Fraggle Rock ".
10. You had plastic streamers on your handle bars... and "spokey-dokes" or playing cards on your spokes for that incredible sound effect.
11. You can sing the entire theme song to "Duck Tales". (Woo ooh!)
12. When it was actually worth getting up early on a Saturday to watch cartoons.
13. You wore a ponytail on the side of your head.
14. You saw the original "Teenage Mutant Ninja Turtles " on the big screen... and still know the turtles names.
15. You got super-excited when it was Oregon Trail day in computer class at school.
16. You made your mom buy one of those clips that would hold your shirt in a knot on the side.
17. You played the game "MASH ". (Mansion, Apartment, Shelter, House)
18. You wore stonewashed Jordache jean jackets and were proud of it.
19. L.A. Gear... need I say more.
20. You wanted to change your name to "JEM " in Kindergarten. (She's truly outrageous)
21. You remember reading "Tales of a fourth grade nothing " and all the Ramona books.
22. You know the profound meaning of "WAX ON, WAX OFF".
23. You wanted to be a Goonie.
24. You ever wore fluorescent clothing. (some of us... head-to-toe)
25. You can remember what Michael Jackson looked like before his nose fell off and his cheeks shifted.
26. You have ever pondered why Smurfette was the only female smurf.
27. You took lunch boxes to school... and traded Garbage Pail Kids in the schoolyard.
28. You remember the CRAZE, then the BANNING of slap bracelets.
29. You still get the urge to say "NOT " after every sentence.
30. You remember Hypercolor t-shirts.
31. Barbie and the Rockers was your favorite band.
32. You thought She-ra (Princess of Power!) and He-Man should hookup.
33. You thought your childhood friends would never leave because you exchanged handmade friendship bracelets.
34. You ever owned a pair of Jelly-Shoes. (and like #24, probably in neon colors, too)
35. After you saw Pee-Wee's Big Adventure you kept saying "I know you are, but what am I?"
36. You remember "I've fallen and I can't get up"
37. You remember going to the skating rink before there were inline skates.
38. You ever got seriously injured on a Slip and Slide.
39. You have ever played with a Skip-It.>> HAHA!!! That toy was hilarious!!
40. You had or attended a birthday party at McDonalds.
41. You've gone through this nodding your head in agreement.
42. You remember Popples.
43. "Don't worry, be happy"
44. You wore like, EIGHT pairs of socks over tights with high top Reeboks.
45. You wore socks scrunched down (and sometimes still do...getting yelled at by "younger hip" members of the family)
46. "Miss MARY MACK MACK MACK, all dressed in BLACK BLACK BLACK "
47. You remember boom boxes. and walking around with one on your shoulder like you were all that.
48. You remember watching both "Gremlins" movies.
49. You know what it meant to say "Care Bear Stare!"
50. You remember watching "Rainbow Bright" and "My Little Pony Tales "
51. You thought Doogie Howser/Samantha Micelli was hot.
52. You remember Alf, the lil furry brown alien from Melmac.
53. You remember New Kids on the Block when they were cool... and don't even flinch when people refer to them as "NKOTB".
54. You knew all the characters names and their life stories on "Saved By the Bell ", the ORIGINAL class.
55. You know all the words to Bon Jovi - SHOT THROUGH THE HEART.
56. You just sang those words to yourself.
57.You remember watching Magic vs. Bird.
58. Homemade Levi shorts. (the shorter the better)
59. You remember when mullets were cool!
60. You had a mullet!61. You still sing "We are the World"
62. You tight rolled your jeans.
63. You owned a bannana clip.
64. You remember "Where's the Beef?"
65. You used to (and probably still do) say "What you talkin' about Willis?"
66. You had big hair and you knew how to use it.
67. You're still singing shot through the heart in your head,aren't you!

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Pague e Leve!

Galera, olha que sem noçao, segundo a um site de relacionamentos americano, tipo esses de "par perfeito", uma mulher apelou e colocou um anúncio no Craigslist pedindo ajuda para um problema... diferente...

Divirtam-se!

(...)

"Eu sou uma garota linda (maravilhosamente linda) de 25 anos. Sou bemarticulada e tenho classe. (...) estou querendo me casar com alguémque ganhe no mínimo meio milhão de dólares por ano. Tem algum homemque ganhe 500 mil ou mais neste site? Ou esposas de gente que ganheisso? Vocês poderiam me mandar algumas dicas? Eu namorei um homem denegócios que ganha por volta de 200 a 250 mil. Mas eu não consigopassar disso. 250 mil não vão me fazer morar em Central Park West. Euconheço uma mulher da minha aula de ioga que casou com um banqueiro evive em Tribeca, e ela não é tão bonita quanto eu, nem é inteligente.Então, o que ela fez de certo que eu não fiz? Como eu chego no níveldela?"

Sim, a mulher estava pedindo dicas sobre como arrumar marido rico. Mas isso não é o mais legal, o melhor da história é que um cara, possivelmente um economista ou investidor, deu a ela uma resposta tão bem articulada e fundamentada que eu não resisti e tive que traduzir tudo pra postar aqui...

"Eu li seu anúncio com grande interesse e pensei com cuidado sobre seudilema. Fiz a seguinte análise da situação.Primeiramente, não estou gastando seu tempo, pois me qualifico como umhomem que atende seu orçamento; ou seja, eu ganho mais de 500 mil porano. Isto posto, eu considero os fatos da seguinte forma: Sua oferta, quando vista da perspectiva de um homem como eu, ésimplesmente um péssimo negócio. E is o porquê: deixando as firulas delado, o que você sugere é uma negociação simples. Você entra com suabeleza física e eu entro com o dinheiro. Ótimo, fácil. Mas tem umproblema. Sua aparência vai se acabar e meu dinheiro vai continuarexistindo, perpetuamente... de fato, é bem possível que meusrendimentos aumentem, mas é certeza absoluta o fato que você não vaificar nem um pouco mais bonita! Assim, em termos econômicos, você é um ativo sofrendo depreciação e eusou um ativo rendendo dividendos. Você não somente sofre depreciaçãocomo esta depreciação sempre aumenta! Explicando, você tem 25 anoshoje e deve continuar gostosa pelos próximos 5 anos, mas sempre umpouco menos a cada ano. Então o fim de sua aparência começa cedo. Aos 35 anos você já estará acabada!Então, usando o linguajar de Wall Street, nós a chamaríamos de"trading position" (posição para comercializar), e não de "buy andhold" (compre e retenha) - que é o que você deseja ... daí oproblema... casamento. Não faz sentido, do ponto de vista de negócios,"comprar" você (que é o que você quer), portanto prefiro alugá-la. Sevocê estiver pensando que estou sendo cruel, eu tenho a dizer oseguinte: Se meu dinheiro vai se acabar, você também vai. Então,quando sua beleza se esvair eu tenho que ter uma opção de saída. Ésimples assim. Um negócio razoável, portanto, é um namoro, e nãocasamento.Paralelamente a isso, bem no início da minha carreira me ensinaramsobre mercados eficientes. Assim, eu me pergunto com uma garota"articulada, com classe e maravilhosamente linda" como você ainda nãoachou seu tio Sukita. Acho difícil acreditar que você é tão bonitaquanto diz e os 500 mil dólares ainda não te encontraram, nem quefosse pra um "test drive".Por sinal, sempre há um jeito de você descobrir como ganhar dinheiropor conta própria, para que não precisemos ter essas conversasdifíceis.Com tudo isso dito, devo dizer que você está tentando da maneiracerta. É a clássica "capitalização via golpe do baú". Espero que tenhasido útil e, se quiser negociar um contrato de aluguel, fale comigo."

terça-feira, 3 de abril de 2007

Faca Merda, Mas Não Deixe de Fazer Amigos!

Ana Bakana rapidamente se identificou e ficou super a vontade com aquelas novas amizades que estava a fazer naquele mesmo dia, LyJah, sua amiga de muitos anos, havia convidado Ana para uma pequena social em minha casa, pequena social mesmo, deveríamos estar em 7 ou 8 pessoas, talvez ate menos, bebendo umas cervejas de garrafa e apreciando o velho Jonny...
Tudo indo muito bem... papo aqui, papo ali, cascos ficando vazios, fumaça rolando, tudo que se faz em uma reunião a vontade entre amigos... quando de repente Ana Bakana se encosta na parede e vai arriando se nela lentamente, com aquele sorrisinho que geral conhece. Ate ai tudo bem... ate que ela foi ao banheiro e vomitou... e vomitou... e vomitou mais um pouquinho... e depois de quase desidratar foi deitar em minha cama, e não satisfeita vomitou mais! Depois disso Ana entrou de vez na galera e esta por ae ate hoje...

Moral da historia: Faca Merda, Mas Não Deixe de Fazer Amigos!!!!

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Tem bloco ai???

Carnaval pegando fogo no rio de janeiro, e o sol colaborando cada vez mais para isso.

Nosso carnaval começou na sexta, ou na quinta... não importa. Estávamos em poucos, aquele casual grupo, que costumada se enganar sendo um próprio bloco estava longe de estar completo naquele carnaval.

As praias estavam lotadas, e a cada minuto notava se a agitação que se formava em qualquer lugar que se posicionava uma musica, ou um batuque de esquina, ou qualquer caixa de fósforos num ritmo mais animado, afinal era carnaval! Todos estavam ali para isso!

No primeiro dia fomos para praia e em seguida para um bloco em Santa, o Carmelitas, que iria começar a concentrar as 17:00, ou as 18:00 (tínhamos conseguido uma lista com todos os blocos, horários, e qualquer coisa que deveríamos saber sobre o carnaval no rio, porem naquele ano os blocos resolverem sair antes do esperado ou mais pontuais do que o esperado), chegamos na Lapa, paramos o carro e pegamos uma Kombi “teco-teco” que nos deixou lá em cima, a rua tava cheia mas o bloco não estava mais lá! Ficamos marcando, afinal era o primeiro dia. Mas não apareceu bloco algum, nem banda, nem um carro com som alto, porra nenhuma! Só uma mega nuvem de chuva que fez a gente ficar em baixo de um ponto de ônibus ate entendermos que não iria chover!

Ligamos para uma amiga que estava em outro bloco...

“Tem bloco ai?”;
“Aqui não!mas to indo em um que sai daqui a pouco na rua Alice!”;
“Demoro então, estamos descendo!”.

Descemos andando aquelas ladeiras todas atrás do tal bloco da rua Alice, e chegando lá em baixo nos nem desconfiávamos de onde poderia ser essa rua Alice...e a hora do bloco passou! Então vamos tomar cerveja... depois de varias, encontramos sabe la Deus quem, que falou algo parecido com sei lá o que, que Fulano que ligou p Cicrano disse que ia sair um bloco a 00:00 de Copacabana, em uma rua próximo a as Ferreira, então fomos mais uma vez atrás do bloco, chegamos lá, ainda no carro perguntamos:

“O bloco que vai passar é aqui perto?”;
“É aqui mesmo, mas achou de sair...”

Saiu, mas conseguimos pegar ele, e finalmente, depois da “saga pelo bloco perdido” encontramos o Bip-Bip, então Salve o Bip-Bip e todos os foliaoes da madrugada! Pq p gente só rola depois de meia noite msm!hahaha

Bom, então p quem ficou:

“PORRA! EU QUERO EH MAIS MEU AMOR!”

sábado, 17 de fevereiro de 2007

O Homem que sabe surgir

A pessoa que um dia matou todo minha inspiracao dizendo que ela nao existia, foi minha maior inspiradora para esse blog, entao vou comecar com um texto dela que deixou Saudades e que inspirava Saudades, vale a pena ler!

"O Homem que sabe surgir" - por Vera Marques "Eterna"



Na Ilha do Governador daquela época existiam quatro estações por ano.

No outono, o sol era ameno. O céu tinha um azul absurdo e o nascer do sol era uma perfeita aquarela de vermelhos, rosasados, dourados e roxos.
As tardes eram aconchegantes, as conversas longas, as amizades estreitas.

No inverno, ventava muito; chovia. Nos tão raros quanto belos dias de sol, o azul do céu era tímido. Ao entardecer, as árvores nuas pareciam tremer, com vontade de vestir um agasalho. As noites eram longas e estreladas. As fogueiras deixavam um cheiro forte no ar. Era bom abraçar amigos, contar histórias noite adentro, sonhar com casamento, filhos, casa quente e amor eterno.

A primavera era verde, fresca, com chuva quente alternanda a dias limpos e luminosos. Canteiros floridos deixavam um cheiro forte de mato verde e úmido sempre pairando no ar.
Havia momentos em que uma brisa morna passava, arrepiando, e o desejo de beijar, amar, se apaixonar perdidamente ficava quase incontrolável.

No verão, os dias eram longos. Cheiravam a mar, a barco, a óleo de bronzear. As tardes quentes, temperadas pela leve viração e o murmurar da maré que subia, convidavam a longos passeios na beira da água.
Às vezes, um repentino temporal de fim de tarde. Sempre antecedido por aquele forte cheiro de terra e asfalto úmidos.
E encerrado com um belo pôr-do-sol, nuvens amarelas e rosadas, arco-íris ao fundo.
As noites eram ardentes. Um cheiro forte de jasmim-do-cabo dominava o ar, lembrando a todos que a vida era curta e os desejos infinitos.Quando havia lua cheia despencando sobre o mar, a tentação ficava irresistível. Todas os violões soavam, todas as serestas falavam de amor. Todas as bocas cantavam. Todas? Só as que não estavam procurando por outras, num eloqüente silêncio que tudo dizia.

O nome dele era ...não lembro... talvez, Sérgio, Carlos, Paulo, Roberto...a maioria dos rapazes tinha um destes nomes. Ele sabia tocar violão. Cantava bem. Sabia músicas de Tom e Vinícius e também bobagens românticas da Jovem Guarda.
Ele jogava futebol e sabia fazer gol. Era alto, pele bronzeada de sol, cabelos louros, olhos esverdeados. Era o modelo de rapaz da época, pelo qual todas as garotas se apaixonavam.

Uma noite domingueira de lua cheia, final de primavera quase verão, estávamos sentados à beira do cais, numa seresta entre amigos. Ele cantou "Primavera" e olhou nos meus olhos. Eu tinha quatorze anos. Como iria resistir ?
Passei a noite em claro, iluminada por aqueles dois imensos faróis verdes. Sonhando acordada com a festa de sábado, onde nos reencontraríamos.

E que maldita semana longa, de provas e encerramento de ano letivo.Parecia que nunca mais seria sábado no mundo.

Mas a vida, "que vem em ondas como o mar", trouxe finalmente o dia tão esperado.E com ele a festa. E com ela o meu vestido novo, azul-celeste.

Mas trouxe também uma maldita partida de futebol em Paquetá, onde os olhos verdes foram jogar e perderam a hora.

A festa já ia longe e nada dele chegar.
E eu sentada, num canto, cara de tacho, amuada, amassando o vestido azul, sufocada na gargantilha de prata, sentindo a sandália de salto alto e tiras me massacrar o pé.
Rímel, sombra, delineador, blush, base, batom, pó-de-arroz. Cabelos soltos, cuidadosamente escovados, depois de um dia inteiro presos por pinças, na sempre dolorosa tentativa de domesticar sua rebeldia brasileira.E todo esse sacrifício pra quê? Pra tomar chá-de-cadeira numa festa ao luar, já que ninguém ousava se aproximar da mais nova musa do bonitão.

A festa, num terraço, deixava a lua muito próxima. Notei que começava a faltar um pedaço nela, como faltava algo, ali, em mim.
Não que eu estivesse já apaixonada. Interessada, talvez. Sim, bastante interessada.
Mas, aquela noite de espera longa, depois de uma semana ansiosa pelo encontro, era um balde de água gelada no meu entusiasmo juvenil.

E depois tinha o César, o Marcio, o Ricardo. Todos os rapazes tinham nomes assim. E todos eram igualmente gentis, simpáticos, bons dançarinos e loucos para conquistar uma namoradinha morena de sol, na flor dos quatorze anos.
Eu é que não ia passar a festa toda sentada, como uma Cinderela de castigo. Que diabo de Príncipe era aquele que trocava sua amada por uma bola e um campo cheio de homens suarentos?!
Eu ia levantar, dar uma volta pelo terraço, me aproximar de um grupo de rapazes e moças e começar a me divertir. Eu ia...

Eu ia, quando ele surgiu.

A palavra é essa: surgiu. Surgiu na entrada da festa: calça preta, camisa verde-musgo, cabelos molhados e o violão no ombro.

A vitrola tocava "Close to You". Ele passou por todos, sem sequer dar boa noite. Veio na minha direção, abaixou-se junto a mim, pegou nas pontas dos meus dedos e me tirou pra dançar.

A taquicardia era tanta, que eu tive medo de não conseguir acompanhar seus passos no ritmo da música. Com a cabeça no ombro dele, contemplava a Lua, a quem faltava um pedaço. Mas, na minha noite não faltava mais nada. Apaixonada. Irremediavelmente, apaixonada.

Durante todos estes anos, tenho me perguntado se ele fez tudo aquilo de forma estudada. O atraso, o cabelo molhado de quem veio correndo do futebol, o violão no ombro, a camisa verde meio desabotoada, deixando ver o peitoral moreno.
Vai ver ficou lá fora, à espreita, até ouvir aquela música, particularmente romântica, para fazer sua entrada triunfal no salão.
Minúcias de um sedutor experiente, no auge de seus dezessete anos, para tomar de assalto o coração de uma menina ingênua de apenas quatorze.

Até hoje, não sei a resposta. Mas, penso que os homens não deviam ter matado esse lado Don Juan de Marco em suas almas.

E as mulheres também não deviam ter deixado fenecer a Noviça Rebelde que habitava nas profundezas de seu íntimo.

Feminismo, sim. Modernidade, com certeza. Liberdade sexual, melhor ainda. Sucesso, prazer, fama, dinheiro, poder. Tudo isso é bom e a gente gosta. Mas, de vez em quando, será que não dava pra rolar uma música suave, uma lua cheia, uma noite de primavera, um beijo apaixonado, uma entrada triunfal?

Poucos meses atrás tive uma briga com o Fernandão, por uma destas mixarias domésticas, tão importante que nem me recordo mais do que se tratava. Essas coisinhas bestas do dia-a-dia, que não teriam a mínima importância, não fossem as grandes responsáveis, em conjunto, por corroer como traças os relacionamentos.

Não lembro o motivo da briga, mas, lembro que passei dias furiosa, sem falar com ele, dormindo na beiradinha da cama.

Sempre íamos juntos pro trabalho, às terças-feiras, quando nossos horários coincidiam. Tomávamos café na padaria e dividiamos o papo e uma broa de milho. Mas, eu estava tão furiosa que não quis saber de companhia, de papo, de broa ou de cafezinho.

Saí sozinha, batendo a porta, desci a rua e entrei na estação do metrô. Lembro que fazia um daqueles dias frios que estranhamente aconteceram no final de outubro. Fiquei alguns minutos na plataforma, até embarcar na primeira composição que passou. Estava de pé, segurando no balaústre próximo da porta, quando Fernandão surgiu.

A campainha que indicava o fechamento das portas do carro acabava de soar, quando ele simplesmente se materializou na minha frente. Casaco de couro, barba recém feita, cheirando ao perfume que dei a ele no dia dos namorados. Parou de pé, na minha frente e mandou a frase:

_ Não acha que já está na hora da gente conversar?

É claro que a raiva passou, conversa rolou e a briga acabou. Que mulher pode resistir a um homem que surge de manhã cedo, dentro de um carro de metrô, com um casaco de couro, igual a um personagem de filme europeu dos anos sessenta?

Por mais que eu pergunte, ele não entrega o jogo, mas, tenho certeza que me seguiu e ficou ali, meio escondido na escadaria, vigiando eu embarcar, para entrar no carro, no último instante, e surgir na minha frente daquela forma espetacular.

Há anos que não vejo aquele moço de olhos verdes lá da Ilha. Talvez seja hoje um charmoso cinquentão, como o meu Fernandão.Ou um simpático vovô brincando com os netos. Nem deve lembrar do estrago que fez no coração de uma , dentre muitas, meninas de quatorze anos, naqueles tempos românticos de luas e primaveras.

Mas, o rapaz de dezessete anos, que ainda vive dentro dele e de outros tantos coroas, teria com certeza muito a ensinar aos garotões e trintões mal informados de hoje, que acham que toda mulher gosta de ser puxada pelo braço ou pelo cabelo e que a sedução se reduz a um "oi, como é teu nome?".

Posso até estar enganada. Afinal, se os homens mudaram, foi por que as mulheres mudaram antes.

Mas, algo me diz que mulher nenhuma, por mais moderna e independente que seja, é capaz de resistir a um homem que simplesmente surge, de casaco de couro, todo perfumado, num carro de metrô, manhã cedinho. Ou de cabelo molhado, ao som de uma bela melodia, numa festa, em noite de lua.

Aprendam a surgir, rapazes!

bla bla bla Cínico

" Não há dúvida de que a vocação é o marcador do velho jornalismo, e a desnecessidade de vocação é o demarcador principal entre o velho e o atual jornalismo. Mas há outros demarcadores: a grande reportagem típica do velho jornalismo não é necessariamente no novo; a postura contra-hegemônica e crítica, a irreverência e o desafio às autoridades e ideologias dominantes também eram a marca do velho jornalismo, e hoje aparecem apenas ocasionalmente; finalmente, o cinismo, que costumava atacar o velho jornalista do meio para o fim de carreira, hoje é o ponto de partida do jovem jornalista. Ele já começa cínico."