sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Tem bloco ai???

Carnaval pegando fogo no rio de janeiro, e o sol colaborando cada vez mais para isso.

Nosso carnaval começou na sexta, ou na quinta... não importa. Estávamos em poucos, aquele casual grupo, que costumada se enganar sendo um próprio bloco estava longe de estar completo naquele carnaval.

As praias estavam lotadas, e a cada minuto notava se a agitação que se formava em qualquer lugar que se posicionava uma musica, ou um batuque de esquina, ou qualquer caixa de fósforos num ritmo mais animado, afinal era carnaval! Todos estavam ali para isso!

No primeiro dia fomos para praia e em seguida para um bloco em Santa, o Carmelitas, que iria começar a concentrar as 17:00, ou as 18:00 (tínhamos conseguido uma lista com todos os blocos, horários, e qualquer coisa que deveríamos saber sobre o carnaval no rio, porem naquele ano os blocos resolverem sair antes do esperado ou mais pontuais do que o esperado), chegamos na Lapa, paramos o carro e pegamos uma Kombi “teco-teco” que nos deixou lá em cima, a rua tava cheia mas o bloco não estava mais lá! Ficamos marcando, afinal era o primeiro dia. Mas não apareceu bloco algum, nem banda, nem um carro com som alto, porra nenhuma! Só uma mega nuvem de chuva que fez a gente ficar em baixo de um ponto de ônibus ate entendermos que não iria chover!

Ligamos para uma amiga que estava em outro bloco...

“Tem bloco ai?”;
“Aqui não!mas to indo em um que sai daqui a pouco na rua Alice!”;
“Demoro então, estamos descendo!”.

Descemos andando aquelas ladeiras todas atrás do tal bloco da rua Alice, e chegando lá em baixo nos nem desconfiávamos de onde poderia ser essa rua Alice...e a hora do bloco passou! Então vamos tomar cerveja... depois de varias, encontramos sabe la Deus quem, que falou algo parecido com sei lá o que, que Fulano que ligou p Cicrano disse que ia sair um bloco a 00:00 de Copacabana, em uma rua próximo a as Ferreira, então fomos mais uma vez atrás do bloco, chegamos lá, ainda no carro perguntamos:

“O bloco que vai passar é aqui perto?”;
“É aqui mesmo, mas achou de sair...”

Saiu, mas conseguimos pegar ele, e finalmente, depois da “saga pelo bloco perdido” encontramos o Bip-Bip, então Salve o Bip-Bip e todos os foliaoes da madrugada! Pq p gente só rola depois de meia noite msm!hahaha

Bom, então p quem ficou:

“PORRA! EU QUERO EH MAIS MEU AMOR!”

sábado, 17 de fevereiro de 2007

O Homem que sabe surgir

A pessoa que um dia matou todo minha inspiracao dizendo que ela nao existia, foi minha maior inspiradora para esse blog, entao vou comecar com um texto dela que deixou Saudades e que inspirava Saudades, vale a pena ler!

"O Homem que sabe surgir" - por Vera Marques "Eterna"



Na Ilha do Governador daquela época existiam quatro estações por ano.

No outono, o sol era ameno. O céu tinha um azul absurdo e o nascer do sol era uma perfeita aquarela de vermelhos, rosasados, dourados e roxos.
As tardes eram aconchegantes, as conversas longas, as amizades estreitas.

No inverno, ventava muito; chovia. Nos tão raros quanto belos dias de sol, o azul do céu era tímido. Ao entardecer, as árvores nuas pareciam tremer, com vontade de vestir um agasalho. As noites eram longas e estreladas. As fogueiras deixavam um cheiro forte no ar. Era bom abraçar amigos, contar histórias noite adentro, sonhar com casamento, filhos, casa quente e amor eterno.

A primavera era verde, fresca, com chuva quente alternanda a dias limpos e luminosos. Canteiros floridos deixavam um cheiro forte de mato verde e úmido sempre pairando no ar.
Havia momentos em que uma brisa morna passava, arrepiando, e o desejo de beijar, amar, se apaixonar perdidamente ficava quase incontrolável.

No verão, os dias eram longos. Cheiravam a mar, a barco, a óleo de bronzear. As tardes quentes, temperadas pela leve viração e o murmurar da maré que subia, convidavam a longos passeios na beira da água.
Às vezes, um repentino temporal de fim de tarde. Sempre antecedido por aquele forte cheiro de terra e asfalto úmidos.
E encerrado com um belo pôr-do-sol, nuvens amarelas e rosadas, arco-íris ao fundo.
As noites eram ardentes. Um cheiro forte de jasmim-do-cabo dominava o ar, lembrando a todos que a vida era curta e os desejos infinitos.Quando havia lua cheia despencando sobre o mar, a tentação ficava irresistível. Todas os violões soavam, todas as serestas falavam de amor. Todas as bocas cantavam. Todas? Só as que não estavam procurando por outras, num eloqüente silêncio que tudo dizia.

O nome dele era ...não lembro... talvez, Sérgio, Carlos, Paulo, Roberto...a maioria dos rapazes tinha um destes nomes. Ele sabia tocar violão. Cantava bem. Sabia músicas de Tom e Vinícius e também bobagens românticas da Jovem Guarda.
Ele jogava futebol e sabia fazer gol. Era alto, pele bronzeada de sol, cabelos louros, olhos esverdeados. Era o modelo de rapaz da época, pelo qual todas as garotas se apaixonavam.

Uma noite domingueira de lua cheia, final de primavera quase verão, estávamos sentados à beira do cais, numa seresta entre amigos. Ele cantou "Primavera" e olhou nos meus olhos. Eu tinha quatorze anos. Como iria resistir ?
Passei a noite em claro, iluminada por aqueles dois imensos faróis verdes. Sonhando acordada com a festa de sábado, onde nos reencontraríamos.

E que maldita semana longa, de provas e encerramento de ano letivo.Parecia que nunca mais seria sábado no mundo.

Mas a vida, "que vem em ondas como o mar", trouxe finalmente o dia tão esperado.E com ele a festa. E com ela o meu vestido novo, azul-celeste.

Mas trouxe também uma maldita partida de futebol em Paquetá, onde os olhos verdes foram jogar e perderam a hora.

A festa já ia longe e nada dele chegar.
E eu sentada, num canto, cara de tacho, amuada, amassando o vestido azul, sufocada na gargantilha de prata, sentindo a sandália de salto alto e tiras me massacrar o pé.
Rímel, sombra, delineador, blush, base, batom, pó-de-arroz. Cabelos soltos, cuidadosamente escovados, depois de um dia inteiro presos por pinças, na sempre dolorosa tentativa de domesticar sua rebeldia brasileira.E todo esse sacrifício pra quê? Pra tomar chá-de-cadeira numa festa ao luar, já que ninguém ousava se aproximar da mais nova musa do bonitão.

A festa, num terraço, deixava a lua muito próxima. Notei que começava a faltar um pedaço nela, como faltava algo, ali, em mim.
Não que eu estivesse já apaixonada. Interessada, talvez. Sim, bastante interessada.
Mas, aquela noite de espera longa, depois de uma semana ansiosa pelo encontro, era um balde de água gelada no meu entusiasmo juvenil.

E depois tinha o César, o Marcio, o Ricardo. Todos os rapazes tinham nomes assim. E todos eram igualmente gentis, simpáticos, bons dançarinos e loucos para conquistar uma namoradinha morena de sol, na flor dos quatorze anos.
Eu é que não ia passar a festa toda sentada, como uma Cinderela de castigo. Que diabo de Príncipe era aquele que trocava sua amada por uma bola e um campo cheio de homens suarentos?!
Eu ia levantar, dar uma volta pelo terraço, me aproximar de um grupo de rapazes e moças e começar a me divertir. Eu ia...

Eu ia, quando ele surgiu.

A palavra é essa: surgiu. Surgiu na entrada da festa: calça preta, camisa verde-musgo, cabelos molhados e o violão no ombro.

A vitrola tocava "Close to You". Ele passou por todos, sem sequer dar boa noite. Veio na minha direção, abaixou-se junto a mim, pegou nas pontas dos meus dedos e me tirou pra dançar.

A taquicardia era tanta, que eu tive medo de não conseguir acompanhar seus passos no ritmo da música. Com a cabeça no ombro dele, contemplava a Lua, a quem faltava um pedaço. Mas, na minha noite não faltava mais nada. Apaixonada. Irremediavelmente, apaixonada.

Durante todos estes anos, tenho me perguntado se ele fez tudo aquilo de forma estudada. O atraso, o cabelo molhado de quem veio correndo do futebol, o violão no ombro, a camisa verde meio desabotoada, deixando ver o peitoral moreno.
Vai ver ficou lá fora, à espreita, até ouvir aquela música, particularmente romântica, para fazer sua entrada triunfal no salão.
Minúcias de um sedutor experiente, no auge de seus dezessete anos, para tomar de assalto o coração de uma menina ingênua de apenas quatorze.

Até hoje, não sei a resposta. Mas, penso que os homens não deviam ter matado esse lado Don Juan de Marco em suas almas.

E as mulheres também não deviam ter deixado fenecer a Noviça Rebelde que habitava nas profundezas de seu íntimo.

Feminismo, sim. Modernidade, com certeza. Liberdade sexual, melhor ainda. Sucesso, prazer, fama, dinheiro, poder. Tudo isso é bom e a gente gosta. Mas, de vez em quando, será que não dava pra rolar uma música suave, uma lua cheia, uma noite de primavera, um beijo apaixonado, uma entrada triunfal?

Poucos meses atrás tive uma briga com o Fernandão, por uma destas mixarias domésticas, tão importante que nem me recordo mais do que se tratava. Essas coisinhas bestas do dia-a-dia, que não teriam a mínima importância, não fossem as grandes responsáveis, em conjunto, por corroer como traças os relacionamentos.

Não lembro o motivo da briga, mas, lembro que passei dias furiosa, sem falar com ele, dormindo na beiradinha da cama.

Sempre íamos juntos pro trabalho, às terças-feiras, quando nossos horários coincidiam. Tomávamos café na padaria e dividiamos o papo e uma broa de milho. Mas, eu estava tão furiosa que não quis saber de companhia, de papo, de broa ou de cafezinho.

Saí sozinha, batendo a porta, desci a rua e entrei na estação do metrô. Lembro que fazia um daqueles dias frios que estranhamente aconteceram no final de outubro. Fiquei alguns minutos na plataforma, até embarcar na primeira composição que passou. Estava de pé, segurando no balaústre próximo da porta, quando Fernandão surgiu.

A campainha que indicava o fechamento das portas do carro acabava de soar, quando ele simplesmente se materializou na minha frente. Casaco de couro, barba recém feita, cheirando ao perfume que dei a ele no dia dos namorados. Parou de pé, na minha frente e mandou a frase:

_ Não acha que já está na hora da gente conversar?

É claro que a raiva passou, conversa rolou e a briga acabou. Que mulher pode resistir a um homem que surge de manhã cedo, dentro de um carro de metrô, com um casaco de couro, igual a um personagem de filme europeu dos anos sessenta?

Por mais que eu pergunte, ele não entrega o jogo, mas, tenho certeza que me seguiu e ficou ali, meio escondido na escadaria, vigiando eu embarcar, para entrar no carro, no último instante, e surgir na minha frente daquela forma espetacular.

Há anos que não vejo aquele moço de olhos verdes lá da Ilha. Talvez seja hoje um charmoso cinquentão, como o meu Fernandão.Ou um simpático vovô brincando com os netos. Nem deve lembrar do estrago que fez no coração de uma , dentre muitas, meninas de quatorze anos, naqueles tempos românticos de luas e primaveras.

Mas, o rapaz de dezessete anos, que ainda vive dentro dele e de outros tantos coroas, teria com certeza muito a ensinar aos garotões e trintões mal informados de hoje, que acham que toda mulher gosta de ser puxada pelo braço ou pelo cabelo e que a sedução se reduz a um "oi, como é teu nome?".

Posso até estar enganada. Afinal, se os homens mudaram, foi por que as mulheres mudaram antes.

Mas, algo me diz que mulher nenhuma, por mais moderna e independente que seja, é capaz de resistir a um homem que simplesmente surge, de casaco de couro, todo perfumado, num carro de metrô, manhã cedinho. Ou de cabelo molhado, ao som de uma bela melodia, numa festa, em noite de lua.

Aprendam a surgir, rapazes!

bla bla bla Cínico

" Não há dúvida de que a vocação é o marcador do velho jornalismo, e a desnecessidade de vocação é o demarcador principal entre o velho e o atual jornalismo. Mas há outros demarcadores: a grande reportagem típica do velho jornalismo não é necessariamente no novo; a postura contra-hegemônica e crítica, a irreverência e o desafio às autoridades e ideologias dominantes também eram a marca do velho jornalismo, e hoje aparecem apenas ocasionalmente; finalmente, o cinismo, que costumava atacar o velho jornalista do meio para o fim de carreira, hoje é o ponto de partida do jovem jornalista. Ele já começa cínico."